quarta-feira, 26 de maio de 2010

PLAY TIME DE JACQUES TATI : ANÁLISE DO FILME

Eis o resumo do filme, que visionámos na aula, feito pelo João Nota do 12º F:

Realizado em 1967, por Jacques Tati, Playtime – Vida Moderna mostra, num subúrbio de Paris, uma sociedade obcecada com tudo o que é moderno e tecnológico. Através de duas personagens principais (Barbara e Sr. Hulot) que se movem por ambientes muito semelhantes entre si (aeroportos, hotéis, restaurantes, escritórios, etc.), Tati retrata de forma caricatural os homens e mulheres modernos. Estes vivem num constante ambiente estereotipado, de prédios de aço, betão e vidro; vivem para consumir e ficam fascinados com objectos “tecnológicos” que não passam de tralha: escovas de soalho com faróis incorporados, candeeiros de mesa/dispensadores de cigarros, tudo o que de mais inútil se possa imaginar, até portas que não fazem barulho ao fechar!

É nesta homogeneização da sociedade, onde todos têm casas iguais, carros iguais e roupas iguais, que os já referidos Barbara e Sr. Hulot, se comportam como radicais. O Sr. Hulot, com as suas calças demasiado curtas e o guarda-chuva sempre presente, não compreende a tecnologia e vê-a como um entrave à comunicação entre seres humanos. Para além disto, devido à sua constante distracção, perde-se dentro, e por entre, os edifícios de design minimalista. Barbara, uma turista americana em excursão pela Europa, é, tal como o Sr. Hulot, alguém que não se adapta às regras da sociedade: separa-se frequentemente do grupo, para observar o que a rodeia, ou tirar fotografias a uma vendedora de flores; sente a falta de personalidade dos locais onde vai. Ela, que esperava ir a Paris para ver o Arco do Triunfo ou a Torre Eiffel, apenas consegue vê-los reflectidos nas portas da Feira das Indústrias onde o grupo excursionista a leva. Há falta de romantismo, de humanismo, no mar unificado de aço e vidro, e é disto que estes dois personagens, um par inesperado, se apercebem.

Contudo, esta sociedade é na verdade uma fachada, perde muitas vezes a compostura, mostrando que sob o verniz são seres humanos como Barbara e o Sr. Hulot. Um bom exemplo é a desastrosa abertura do The Royal Garden Nightclub.

Quarenta anos depois da sua realização, Playtime continua a ser extremamente actual, uma visão ainda válida sobre a forma como não são o consumismo e a homogeneização dos modos de vida que trazem a felicidade a um grupo de pessoas, mas pelo contrário, são as diferenças entre indivíduos que tornam uma sociedade naquilo que ela é, que a caracterizam.


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