sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Teatro grego: controlo político pelo estado ateniense

•O teatro de tragédia na antiga Atenas assumiu um valor ideológico-político e serviu os propósitos das classes dirigentes
•Para além dos desportos, dos rituais cultuais e da arte pública, a tragédia contribuiu para unificar o pensamento grego
•Ao contrário da epopeia homérica, a tragédia dirige-se a um público amplo, mas possui um conteúdo político e uma finalidade educativa
•Já Aristóteles (séc. IV a.C.) afirmou na sua Poética que as personagens das tragédias ”não falam retoricamente mas sim politicamente “
•O estado ateniense tinha interesse em que o maior número possível de cidadãos acedesse à tragédia, facultando ajudas económicas e o abono de jornadas perdidas aquando da realização dos espectáculos
•O estado ateniense encomendava peças, pagava espectáculos e realizava festivais nas Grandes Dionísias. Nomeava ainda os juízes que distribuíam os prémios. Nem todas as peças escritas de tragédia chegavam a ser representadas.
•A tragédia era essencialmente um drama político e assumiu-se como uma interpretação autorizada dos mitos nacionais, ao mesmo tempo que introduzi uma visão pitagórica da democracia
•Várias tragédias narram o valor dos heróis atenienses, a superioridade do estado ateniense e as virtudes da democracia, particularmente as de Ésquilo (525-455 a.C.):
•“Os Persas” (é a mais antiga das tragédias áticas conservadas e venceu o concurso de 472a.C.) serve para amplificar e enaltecer a vitória grega num recente feito histórico (Batalha de Salamina) mas também os nobres valores cívicos dos atenienses que “não conhecem a escravatura e a submissão”;
•“As Euménidas”(venceu o concurso de 458 a.C.) terminam com um canto fervoroso à prosperidade de Atenas;
•“Oresteia”, representada em 458a.C., enaltece a consolidação da democracia, através de uma visão pitagórica que propõe entre os extremismos da aristocracia e dos camponeses desfavorecidos, um compromisso, isto é, a democracia: no fim da história, a criação do tribunal para decidir a sorte de Orestes (que é absolvido) expressa a convicção democrática de elaborar leis escritas como solução aceite por todos.

Bibliografia:
•AAVV História Universal, 4.Grécia, s/l, Eds. Público/Salvat, 2005.
•Boardman, John, Greek Art, s/l, Thames and Hudson, 1973.
•Fialho, Maria do Céu, Os Persas de Ésquilo na Atenas do seu tempo. In http://www4.crb.ucp.pt/biblioteca/Mathesis/Mat13/Mathesis13_209.pdf
•Hauser, Arnold, Historia social de la literatura y del arte,vol.1, 18ªed., Labor, 1983.
•Zschietzschmann, Willy, De l´Olimpe au Forum, panorama des arts grec et romain, Stuggart, Hachette, 1962.