A maioria dos museus europeus (sobretudos portugueses) é ainda uma reformulação de antigos imóveis descaracterizados e disfuncionais. Contudo, nem sempre existem verbas ou vontade política para construir espaços museológicos apropriados, de raiz. Mas porquê esta necessidade de projectar edifícios mais complexos, propositadamente adaptados às necessidades dos promotores de eventos públicos? Será que um museu não é, simplesmente, um local onde se arrumam em prateleiras ou paredes alguns objectos e antiguidades? CLARO QUE NÃO! Os mais actuais exemplos disso serão os Museus Guggenheim de Bilbao e o edifício em Nova York, ambos da autoria de Frank Ghery e de Frank Lloyd Wright, respectivamente. Em Portugal, dois dos casos recentes mais paradigmáticos são o Centro Cultural de Belém e o Museu de Arte Contemporânea de Serralves (sítio: http://www.serralves.pt/ ), este da autoria de Siza Vieira.
Hoje em dia, os museus não vivem apenas das suas exposições permanentes, pois necessitam de dispor de infraestruturas adaptadas à cada vez maior circulação de obras de arte no mercado internacional de exposições artísticas. Novas necessidades culturais, novas exigências sociais, novos públicos levam a considerar o museu como um organismo vivo e actuante em múltiplas facetas da vida comunitária. Para além da função de exibição, os museus modernos rentabilizam os seus espaços, descobrindo outras soluções para mostrar trabalhos de carácter mais experimentalista e analítico, organizando exposições temáticas, seminários, cursos, oficinas de trabalho, concertos e festas culturais. A própria arquitectura do museu, planeada em função destas exigências, propõe, hoje em dia, soluções espaciais que estimulam o olhar crítico do espectador, o clima didáctico e simultanemante lúdico que uma visita a uma exposição deve respeitar. Dá-se uma verdadeira complementariedade de equipamentos e de requisitos técnicos e espaciais, lojas, livrarias, restaurantes, gabinetes de estudo, de conservação e de restauro, bibliotecas e videotecas, áreas de manutenção e armazéns...
sexta-feira, 26 de setembro de 2008
OS MUSEUS DOS NOSSOS DIAS
O MUSEU: A RENOVAÇÃO DE UM ESPAÇO CULTURAL
ARTE E COMUNICAÇÃO
Mas porque é que as pessoas criam arte? Porque será que alguém se dá ao trabalho de pintar uma tela, esculpir um marfim ou agrupar umas notas musicais numa pauta? Existem inúmeras razões para as pessoas realizarem manifestações artísticas. Podemos incluir as religiosas, políticas, económicas, educacionais, estéticas...
Em qualquer dos casos, as manifestações artísticas podem e devem ser encaradas, antes de mais, como um processo de comunicação. Através das suas produções, os artistas comunicam ideias e emoções, pontos de vista sobre diversas realidades, estabelecendo um discurso com o(s) seu(s) público(s). Para entender uma obra ou manifestação artística, e a mensagem do artista, é preciso conhecer o tema da sua obra, a linguagem usada, a simbologia e a técnica. Ao longo dos séculos, temas similares ou mesmo iguais foram sendo explorados de formas diferentes, o que torna a comunicação artística num fenómeno muito pessoal e epocal, isto é, que recebe características próprias da época em que se insere.
Cada época fundou modos de usar os elementos da arte e do design para comunicar ideias e ideais de forma estética, em certos contextos e funções. Irás descobrir isso ao longo do programa de HCA.
terça-feira, 23 de setembro de 2008
terça-feira, 9 de setembro de 2008
A FEIRA DE ARTESANATO: ARTE VERSUS ARTESANATO?
Na feira de artesanato, encontramos um pouco de tudo: potes e pratos em barro pintado, brinquedos de madeira, ferros forjados, doces caseiros, mantas e bordados, etc. vai-se à feira com propósitos diferentes daqueles que motivam uma ida a uma galeria de arte. Para já,e xiste um aspecto comum: em ambos os casos existe uma predisposição para apreciar e comprara artigos belos ou, pelos menos, que nos sensibilizem. Então, qual será a diferença?Estará na qualidade dos artigos? Ou, meramente, na sua função? Há quem compre artigos de artesanato, como um pote, só para decoração, tal como quem compra uma tela numa galeria para colocar na parede da sua sala. Contudo, os autores de ambas as peças agem com intenções e procedimentos diferentes.
Substancialmente, pode dizer-se que uma peça de artesanato, embora feita manualmente e de acordo com técnicas mais ou menos ancestrais, é uma reprodução de um modelo repetido vezes sem conta, apropriado pela tradição popular, de uma peça de uso quotidiano. à partida, isso não acontecerá na pintura adquirida na galeria de arte. O autror desta última terá estudado em ambientes escolares e procurou deixar a marca da sua personalidade na obra que executou, tornando-a numa peça ímpar.
Hoje em dia, nas sociedades ocidentais industrializadas, a recorrência ao artesanato nos grandes centros urbanos deixou de ser uma necessidade para se tornar numa opção consciente, de cariz cultural. A dona de casa portuguesa que nos nossos dias prefere um serviço de louça de Alcobaça em detrimento de um serviço mais económico em vidro, mas despersonalizado, produzido numa fábrica algures no globo, poderá estar a escolher um artigo em função de determinados valores de cariz cultural e até mesmo social, ao passo que até cerca de meados do século XX era bem provável que a sua opção fosse a mais viável dado o atraso económico do país na época.
AVALIANDO A ARTE: ARTE E QUOTIDIANO
PRIMEIRAS PERGUNTAS SOBRE ARTE
Qual o papel da cultura artística na formação dos cidadãos e que peso tem a arte no quotidiano das populações? Como poderemos definir cultura artística e o que deveremos incluir nesse conceito? Porque é que a arte é importante e por que razão as pessoas criam e apreciam arte?
Será que ao longo da história os homens colocaram sempre estas questões sobre arte? Aqueles objectos que encontramos nos museus e a que hoje em dia chamamos arte também eram entendidos como tal na sua época? As artes mantêm a sua função original através dos tempos?
Se cada povo e cada época têm um conceito e uma atitude específica perante a arte, ao ponto de produzirem formas, gestos e sons muitas vezes díspares, qual será o denominador comum que nos permite meter no mesmo "saco" as pirâmides egípcias, a estatuária grega, as máscaras africanas, as sedas chinesas, as catedrais medievais, as tapeçarias renascentistas, o teatro de Sheakspeare, a música de Bach, os filmes de Manoel de Oliveira ou um CD dos Queen?
Muitas são as razões pelas quais as pessoas concebem, exibem e desfrutam arte. Ao longo da história da humanidade e em diferentes civilizações, verificamos que as funções da arte vão desde as razões mais práticas de satisfação das necessidades quotidianas como, por exemplo, a produção de vasos de cerâmica, passando pelos motivos religiosos (construção de templos de e imagens de culto) e políticos (propaganda) até às razões puramente estéticas e intelectuais (com exemplos abundantes nas artes contemporâneas). Não se pode, pois, definir arte com base no critério de utilidade. De facto, bem vistas as coisas, toda a arte cumpre uma função concreta, pelo que a torna útil sob uma determinada perspectiva para os indivíduos, grupos sociais e nações.
STOMP
CLICAR AQUI PARA ACEDER AO VÍDEO:
http://www.youtube.com/watch?v=LTahKhYgEb0
EDUARDO DE SOUTO MOURA
Formou-se pela Escola Superior de Belas Artes do Porto. Iniciou a sua carreira colaborando no atelier de Álvaro Siza Vieira mas em 1981, recém-formado, surpreendeu a comunidade dos arquitectos vencendo o concurso para o importante projecto do Centro Cultural da Secretaria de Estado da Cultura no Porto (1981-1991) que o viria a lançar, dentro e fora de Portugal, como um dos mais importantes arquitectos da nova geração. O seu reconhecimento internacional viria a reforçar-se com a conquista do 1.º lugar no concurso para o projecto de um hotel na zona histórica de Salzburgo na Áustria em 1987. A partir da Casa em Cascais, realizada em 2002, começa a afastar-se da linguagem miesziana que o definiu numa primeira fase da sua obra e começa a redesenhar a sua forma de construir e criar arquitectura através da complexidade, dinamismo de formas mas sempre com o cuidado do desenho espacial habitual. Exemplo disso é o Estádio Municipal de Braga onde o imaginário de teatro, e o cenário da pedreira onde a obra foi edificada nada nos remetem ás primeiras obras do arquitecto, mas muito mais a uma segunda etapa que dá, agora, os primeiros passos.
Prémios: 1998 - Prémio Pessoa; 2004 - Prémio Secil, pelo Estádio Municipal de Braga.
PAULA REGO
Cronologia:
1935 – Paula Figueiroa Rego nasce em Lisboa; a família muda-se em 1938 para o Estoril. De 1945 a 51 frequenta a St. Julian School, em Carcavelos.
1952-56 – Estuda pintura na Slade School of Art, em Londres, onde conhece Victor (Vic) Willing, com quem virá a casar. Em 1956 nasce a sua filha Carolina; regressa a Portugal, vivendo até 63 na Ericeira. Dois outros filhos nascem em 59 e em 61.
1961 – Expõe pela primeira vez na II Exposição Gulbenkian, onde as suas colagens são imediatamente notadas.
1962 – Expõe com o London Group, ao lado de jovens artistas como Hockney, Auerbach e Michael Andrews. Paula e Vic compram uma casa em Londres, onde passam a viver durante parte do ano.
1965 – Primeira exposição individual, em Lisboa (SNBA), com imediato sucesso crítico. Roland Penrose selecciona-a para uma exposição de grupo no Institut of Contemporay Art, em Londres.
1967 – Integra a representação de Portugal na Bienal de S. Paulo (e de novo em 1976). É diagnosticada a Vic uma esclerose múltipla, de que morreria em 1988, depois de um período em que se afirmou como um notável pintor.
1976 – Fixa residência em Londres.
1978 – Participa em «Portuguese Art since 1910», na Royal Academy, Londres. Expõe pela primeira vez na Galeria 111.
1981 – Primeira exposição individual em Londres, na Air Gallery, entidade subsidiada pelo Arts Council. Abandona a colagem e retoma a pintura com a série «O Macaco Vermelho». No ano seguinte expõe pela primeira vez numa galeria comercial londrina, a Edward Totah Gallery, 26 anos depois de ter deixado a Slade School.
1983 – Professora convidada na Slade. Exposição «Paitings 1982-3», incluindo a série «Óperas», em Londres, Bristol, Amsterdão e Milão.
1985 – Participa na representação da Grã-Bretanha na Bienal de São Paulo. A Tate Gallery adquire-lhe uma primeira obra. Expõe individualmente em Nova Iorque. Participa na Bienal de Paris.
1987 – Digressão britânica de «Selected Work 1981-86».
1988 – Retrospectiva na Fundação Gulbenkian e na Serpentine Gallery, em Londres.
1989 – Primeira exposição na Marlborough Gal., Londres.
1990 – Primeira artista associada da National Gallery. Itinerância britânica da série de gravuras «Nursery Rhymes» ao longo de cinco anos.
1991 – Itinerância na Grã-Bretanha das «Histórias da National Gallery», mostradas no ano seguinte em Londres e na Gulbenkian.
1992 – «Peter Pan and Other Stories», Marlborough. Publicação de uma longa monografia da autoria de John McEwen, Phaidon Press (tradução portuguesa, ed. Quetzal/111).
1994 – «Mulher Cão», Marlborough; participa em «Here and Now» na Serpentine Gal. e numa mostra de grupo na Saatchi Gallery.
1996 – Expõe na Marlborough de Nova Iorque; participa em «Spellbound: Art and Film», Hayward Gal.
1997 – Retrospectiva na Tate Gallery de Liverpool e no CCB, onde é vista por 62 mil visitantes.
1998 – Expõe na Dulwish Picture Gallery. Participa em «L'École de Londres», Museu Maillol, Paris.
segunda-feira, 8 de setembro de 2008
AS ARTES COMO MARCAS DO TEMPO
Tal como todos os produtos culturais da humanidade, as obras de arte ou manifestações artísticas reflectem o tempo em que foram criadas. O artista ou artesão usa instrumentos, materiais, técnicas, regras, procedimentos, objectivos, ideias e uma iconografia, enfim, todo um manancial de elementos culturais que marcam o seu tempo e, eventualmente, a sua região ou país. Os objectos e manifestações artísticas começam, por falar a priori - e quanto mais não seja - da sua própria génese e época de produção, bem como de quem os concebeu e produziu. O artista (ou artesão) pode assumir vários papéis sociais e culturais no seu tempo, podendo ser desde um simples animador cultural até um acérrimo crítico da sociedade. No entanto, quase sempre ele é uma testemunha do seu tempo.
E o que distinguirá um artista de uma artesão? Eis uma dica de pesquisa que deverás seguir, para te posicionares num debate a ter em breve nas aulas.
O QUE É QUE A "MINNIE MOUSE" TEM A VER COM UM ÍCONE BIZANTINO?
Os desenhos das crianças serão obras de arte?
Poderemos comparar o desenho acima, da "Minnie Mouse", feito pela Teresa de 4 anos, com um ícione bizantino da Madona? Seguramente, a Teresa não possui o domínio da técnica nem os objectivos de produção dos artistas bizantinos; por outro lado, não será difícil reconhecer que a experiência de vida de ambos e as suas preocupações estéticas são completamente diferentes.
Se observarmos com atenção, veremos que a Teresa, habituada a desfolhar as revistas de banda desenhada (mas sem ainda as ler!) reduziu a figura a linhas e a formas geométricas. Para além disso, explorou intensamente o cromatismo, procurando ilustrar o alegre colorido das revistas. Finalmente, não se preocupou com um cenário ou um contexto; para ela, a namorada do Rato Mickey é, provavelmente, a figura que ela mais admira na banda desenhada, assumindo uma importância ao nível de um ícone.
Ao nível formal, que semelhanças detectas entre este desenho e a imagem bizantina acima representada?
O QUE É A ARTE?
Possivelmente, toda a gente o saberá, mas poucos dirão o que é a arte. Na verdade, trata-se de um conceito complexo, de difícil explicação pois a arte não é um simples facto ou fenómeno passível de ser observado ou demonstrado. A arte é criada por diferentes pessoas, em sociedades e contextos muito variados e com técnicas e propósitos por vezes completamente opostos. É costume dizer-se que a arte retrata as emoções humanas, bem como tem o poder de as evocar. Poderá, assim, expressar harmonia ou desarmonia, ideias sérias ou divertidas, criar atmosferas solenes ou fantásticas, pelo que assume formas e linguagens muito variadas, consoante a intenção dos que a produzem e as necessidades dos que a apreciam ou a usam no seu dia a dia. Se formos rígidos na definição de arte, poderemos aceitar como arte apenas aquilo que de alguma forma corresponde às nossas vivências e aos conceitos que nos transmitiram desde pequenos. Mas, se mantivermos um espírito aberto, facilmente perceberemos que em quase todas as épocas e em todas as culturas existiram e existem certas manifestações que podermos designar por artísticas e que podem não corresponder às arte tradicionais a que estamos habituados. Porém, um dado é tido como certo: a arte faz parte da vida das pessoas e dos grupos e existe para cumprir determinadas funções do quotidiano colectivo. É isso que procuraremos descobrir ao longo do ano lectivo!