Na feira de artesanato, encontramos um pouco de tudo: potes e pratos em barro pintado, brinquedos de madeira, ferros forjados, doces caseiros, mantas e bordados, etc. vai-se à feira com propósitos diferentes daqueles que motivam uma ida a uma galeria de arte. Para já,e xiste um aspecto comum: em ambos os casos existe uma predisposição para apreciar e comprara artigos belos ou, pelos menos, que nos sensibilizem. Então, qual será a diferença?Estará na qualidade dos artigos? Ou, meramente, na sua função? Há quem compre artigos de artesanato, como um pote, só para decoração, tal como quem compra uma tela numa galeria para colocar na parede da sua sala. Contudo, os autores de ambas as peças agem com intenções e procedimentos diferentes.
Substancialmente, pode dizer-se que uma peça de artesanato, embora feita manualmente e de acordo com técnicas mais ou menos ancestrais, é uma reprodução de um modelo repetido vezes sem conta, apropriado pela tradição popular, de uma peça de uso quotidiano. à partida, isso não acontecerá na pintura adquirida na galeria de arte. O autror desta última terá estudado em ambientes escolares e procurou deixar a marca da sua personalidade na obra que executou, tornando-a numa peça ímpar.
Hoje em dia, nas sociedades ocidentais industrializadas, a recorrência ao artesanato nos grandes centros urbanos deixou de ser uma necessidade para se tornar numa opção consciente, de cariz cultural. A dona de casa portuguesa que nos nossos dias prefere um serviço de louça de Alcobaça em detrimento de um serviço mais económico em vidro, mas despersonalizado, produzido numa fábrica algures no globo, poderá estar a escolher um artigo em função de determinados valores de cariz cultural e até mesmo social, ao passo que até cerca de meados do século XX era bem provável que a sua opção fosse a mais viável dado o atraso económico do país na época.
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