quarta-feira, 11 de março de 2009

VISITA ESTUDO AO NÚCLEO ARQUEOLÓGICO DO BCP


Núcleo Arqueológico do BCP, na R. dos Correeiros em lisboa (Baixa). Trata-se de um espólio arquitectónico e museológico que remonta à antiguidade e que permite ter uma visão geral da evolução da cidade e dos diversos povos que a habitaram.
O sítio do BCP onde poderás antever a visita é:
http://www.millenniumbcp.pt/pubs/pt/grupobcp/fundacaobcp/nucleoarqueologico/;jsessionid=FMILIFFA51ZC5QFIAMFSFGGAVABQWIY4
Próximo do Arco da Rua Augusta, a ocupar quase por inteiro um quarteirão pombalino da baixa de Lisboa, situa-se o edifício sede do Millennium bcp, com fachada para a Rua Augusta e traseiras para a Rua dos Correeiros. Entre 1991 e 1995, no decorrer das obras de remodelação aí efectuadas, a perfuração do pavimento pôs a descoberto estruturas arqueológicas de civilizações que, ao longo dos tempos, habitaram Lisboa. Neste local podem encontrar-se vestígios dos seguintes períodos:

Período Ibero-Púnico - Ancoradouro seguro, já a partir do século VII a.C. o "sítio de Lisboa" é visitado por mercadores marítimos Fenícios e Cartagineses, na procura de metais preciosos. Com o passar do tempo, as visitas tornaram-se cada vez mais frequentes e as demoras mais prolongadas, o que obrigou, entre os séculos VII e V a.C., a fixar, na margem do esteiro do rio Tejo, presumivelmente as primeiras construções habitacionais.

Período Romano - No esteiro do Tejo, área muito sensível a movimentos tectónicos, como assoreamento, aparecem novas formas de ocupação. A partir do século I d.C. instala-se um importante núcleo de preparados piscícolas, que terá laborado até finais do século IV d.C. . As fábricas eram constituídas por tanques - cetárias - de dimensões diversas, poços e edifícios de apoio às unidades fabris. A área onde se insere o Núcleo destinar-se-ia sobretudo à reparação de conservas de peixe salgado, o que se depreende da dimensão e da presença de ânforas normalmente usadas no transporte do produto. Em plano mais específico, há fortes indícios que levam a concluir, também, da produção de molhos - garum . Outra estrutura que podemos observar trata-se do primeiro mosaico polícromo "in situ" datado do século III d.C. e um complexo de três piscinas.

Período Visigótico - Em 411, os povos, ditos bárbaros, dividem entre si o espaço ibérico, tendo a Lusitânia sido dominada pelos Alanos, seguindo-se os Visigodos e os Suevos. Deste período podemos observar no Núcleo uma sepultura com um corpo no seu interior e que por sua vez se encontram dentro de um tanque romano.

Período Islâmico - No ano de 714, dá-se a ocupação árabe. Lisboa era, nessa época, a plataforma natural de encontro e redistribuição de uma série de vias terrestres já utilizadas pelos Romanos. A estrada do Norte partia da zona portuária do actual Rossio, atravessava os campos e hortas de Alvalade - cujo topónimo é albalat que significa em árabe, caminho - dirigindo-se a Santarém, seguindo depois a Braga. Em relação à sua presença no Núcleo, algumas das estruturas romanas são reutilizadas em novas funções, designadamente silos; aparecem vários artefactos do espólio islâmico, fabricados já com a técnica do vidrado.

Período Medieval - A Lisboa muçulmana, em finais do século XI, era a mais importante do Oriente Ibérico. A exploração do ouro retirado do Mar da Palha e das Minas de Almada é também, uma referência permanente nos autores da época. No entanto, a actividade principal parece ter sido a piscícola, podendo-se ver algumas peças no Núcleo que nos retratam esse facto. Com o início da Reconquista Cristã a partir do norte da Península Ibérica, a cidade de Lisboa, bem como todo o seu território, são conquistados aos Muçulmanos em 1147. A partir do século XIII, a corte passa a residir permanentemente em Lisboa. Deste período, destaque para um magnifíco pichel de origem francesa. Na segunda metade do século XIV, dá-se a expansão urbana da cidade surgindo a "Cerca Fernandina", que integra não só os novos bairros, mas também os bairros de Alfama e Mouraria. Lisboa fica ao nível das cidades mais importantes da Europa, passando a ser a grande impulsionadora do período, que se aproxima, da expansão quinhentista.

Período Quinhentista - Período muito importante para a história da cidade de Lisboa, mantendo-se o movimento de transformações urbanas já iniciado. A cidade prepara-se para responder ao desafio da Expansão com o seu intenso comércio, tornando-se um dos portos mais importantes da Europa. Do período quinhentista vários artefactos existem em exposição, no entanto grande parte ainda se encontra em investigação.

Período Pombalino - O quarteirão pombalino, onde se encontra o Núcleo, insere-se na malha urbana medieval da freguesia de S. Julião, onde se identificaram dois troços de rua dos Carapaceiros e da rua do Chancudo, ruas que subsistiram até ao Terramoto de 1755. O Terramoto do dia 1º de Novembro de 1755 marca o desaparecimento de parte da Lisboa Maneirista e Barroca e dos bairros de tradição árabe-medieval da baixa. O esforço célere de Sebastião José de Carvalho e Melo - Marquês de Pombal - e o seu espírito iluminista permitem que se iniciem rapidamente as demolições, aterros e reconstrução segundo um traçado rectilínio, dando assim uma nova imagem de cidade que se desenvolve a partir de um eixo, marcado pela Rua Augusta e que liga as duas principais praças da cidade - o Rossio e a Praça do Comércio ou Terreiro do Paço. As diferentes actividades são organizadas por rua, segundo um preceito medieval. Ainda hoje subsistem, em certa medida na baixa Pombalina, arruamentos que obedecem a esta primitiva organização.A Baixa Pombalina assenta em terrenos de aluvião, e com o nível freático sempre presente. Desta forma é concebida uma estrutura de estacaria em pinho verde, cravada no nível freático, servindo de embasamento para os alicerces. Pela primeira vez é construída de uma forma sistemática uma rede de esgotos domésticos, dando para o esgoto central sob a rua. Poderão ser vistos exemplos destas inovações no Núcleo Arqueológico. Surge também um sistema anti-sísmico designado por "gaiola", estrutura interior do prédio totalmente construída em madeira de carvalho e azinho.Ao nível das lojas, as salas são abobadadas com tijoleira e pavimentadas com lages em calcário. Embora a vocação da Baixa Pombalina seja o comércio, algumas actividades industriais e oficinais são no entanto reactivadas nesta área da cidade. No núcleo surgiu um forno de tratamento do ferro.
Boa visita!

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